Famílias invadem casas de conjunto em Taubaté

Quatro imóveis do Parque Ipanema foram ocupados na noite de sexta-feira; guardas vigiam o local

Simone Gonçalves
Taubaté

Quatro casas do conjunto habitacional do Parque Ipanema, em Taubaté, foram invadidas na noite de anteontem por famílias que alegam não ter local para morar.
As quatro famílias saíram juntas de bairros como Água Quente e Gurilândia por volta de 20h de sexta-feira, fretaram um caminhão e seguiram para o conjunto com pertences e mobílias.

No Parque Ipanema, arrombaram as portas de quatro casas vazias e se instalaram nas moradias de maneira improvisada --as casas não têm ligação de água.

As residências ocupadas pertencem a moradores que foram contemplados pelo programa habitacional da prefeitura. As casas foram sorteadas em 2007 para 252 beneficiados, mas os primeiros imóveis começaram a ser entregues apenas em 2010. Do total de moradias previstas, 100 foram repassadas aos sorteados.

Ameaça. Vigilantes da prefeitura que faziam a ronda no conjunto perceberam a invasão e acionaram a Polícia Militar. Os servidores da administração municipal afirmaram ter recebido ameaças de parte do grupo --um homem em uma moto teria feito disparos de arma de fogo para o alto, fato que as famílias invasoras negaram.

A PM fez a identificação dos ocupantes. “Registramos a ocorrência e qualificamos as famílias, as medidas para solução do problema caberão à prefeitura”, disse o tenente Fábio Marcondes.

De acordo com ele, a PM deverá reforçar o patrulhamento no local, para auxiliar a prefeitura a conter novas invasões. Não houve conflito com as famílias invasoras.

Invasões. Esta não foi a primeira vez que as casas do conjunto foram alvo de invasões. Há dois meses, duas residências foram ocupadas por famílias sem-teto, mas os moradores deixaram o local após negociação com a prefeitura. Eles permaneceram dois dias no Parque Ipanema.

O chefe de divisão de segurança do governo, Rildo Antônio Paiva, disse que quatro equipes e uma viatura permanecerão no conjunto até amanhã --normalmente uma equipe faz a segurança da área. O objetivo é conter a entrada de outros moradores nas casas.

“Vamos controlar a situação até os setores de habitação e jurídico da prefeitura tomarem as medidas cabíveis, como negociar com as famílias ou entrar com a reintegração de posse.”

Moradia. “As casas estão vazias, se as pessoas realmente precisassem das moradias elas tinham entrado assim que ganharam”, disse Nayara Natacha dos Santos, 21 anos.

Ela é uma das pessoas que invadiram as casas na noite de sexta-feira. Grávida de dois meses, morava com o marido e três filhos na casa de parentes.
“Só quero um teto, tanto faz se aqui ou em outro lugar”, disse Tamires Alves Pinheiro, 22 anos, que também mudou para o Parque Ipanema.

Os contemplados com os imóveis do conjunto deveriam ter se mudado para o local em 72 horas a partir da entrega das chaves--as primeiras 50 foram distribuídas em outubro e as outras 50 no dia 30 de novembro. Contudo, alguns moradores ainda não se instalaram.

“Tem gente que está arrumando as casas antes de entrar, colocando piso, muro, porque nada disso foi feito pela prefeitura”, disse um dos moradores que já reside no local e não quis se identificar.

“O dono de uma das casas que foi invadida veio medir o terreno esta semana, também não é justo com ele”, disse outro morador, que também não se identificou.
A prefeitura defende que construiu as casas de acordo com o contrato. O muro não estaria previsto.

Fonte: O Vale